A importância dos limites na infância

Criar filhos, educar crianças, não é uma tarefa fácil. Os pequenos se esforçam muito para conseguirem alcançar aquilo que desejam desde muito cedo, eles chamam atenção, falam o que querem “na lata”, então quer dizer que nós já sabemos o que é melhor para nós e já temos noção do que precisamos desde tão cedo, certo? Errado!

As crianças buscam satisfação o tempo todo, elas ainda não aprenderam a lidar com frustrações, não têm noção de que às vezes aquilo que querem muito pode ser prejudicial. Por exemplo, comer todo o chocolate que tiver acessível até será uma delícia na hora, mas depois pode dar uma dor de barriga horrível. Quem tem o papel de mostrar e delimitar esses espaços para eles são os adultos, pais e responsáveis.

Hoje em dia vejo muitos adultos achando “bonitinho” as crianças que são mais independentes do que se espera para a idade delas. Já pensaram em como isso pode ser angustiante para eles?  Afinal, eles não estão preparados para agirem como adultos e terem responsabilidades como se fossem.

Vamos pensar numa analogia. Quando estamos dentro de uma piscina nos sentimos confortáveis por saber que temos as bordas ali para nos apoiar quando nosso corpo cansa de nadar. Os limites que os adultos colocam para os pequenos funcionam de forma parecida, traz alívio! Como? Evitando, por exemplo, a dor de barriga que citei ali em cima no exemplo do chocolate.

Dizer “não” é necessário para a formação de um ser humano e ouvir “não” também, pois quando deixamos tudo, quando tudo é liberado, não há regras, cria-se uma ideia falsa de realidade, pois se dentro de casa tudo pode, lá fora, na vida real, na escola, no trabalho, na vida social, a criança vai aprender que os limites existem da forma mais dolorosa de se aprender, longe do ambiente familiar.

Os limites nos fazem mais fortes, fazem com que nós possamos aprender os perigos e com o passar do tempo nos proteger sem mais a ajuda dos pais, pois teremos dentro de nós esses limites bem estabelecidos. Claro que os limites não são fáceis de dar, geralmente gera estresse, birra, mas como disse logo no começo deste texto, educar, ensinar não são processos simples, requerem muito esforço, dedicação, enfrentamentos de dificuldades inúmeras e claro, muito amor.

Alienação parental: uma agressão contra os filhos

Geralmente um divórcio não é algo fácil de viver, inclui um processo de luto de um relacionamento que carregava planos, história, desejos e sonhos. Quando o casal tem um ou mais filhos é ainda mais complicado, às vezes é possível entrar em acordo e passar por isso sem maiores brigas, mas muitas vezes não é assim que acontece.

Alienação parental é quando um dos genitores (mãe ou pai) influencia o filho a romper laços com o outro genitor. Então, por exemplo, uma mãe que tenta fazer com que aquele filho enxergue o pai dele da forma como ela enxerga, geralmente um olhar cheio de hostilidade e muito agressivo. Isso tem como resultado um filho que não quer mais ver o pai, que fala mal do pai, mas com discursos de adultos e não de crianças, como: “não quero mais ver meu pai porque ele não tem responsabilidade, não paga a pensão”.

Essa é uma atitude muito agressiva contra a criança, pois quanto menor ela for, menos ela entende todo esse processo, pode se sentir culpada por “escolher” um lado, o da mãe ou do pai, quando na verdade ela é filha de ambos e não de apenas um. Quanto mais novas, mais dificuldades as crianças têm de expressar o que elas sentem, por isso, é comum que elas adoeçam, apresentem um comportamento triste e chorem com mais facilidade.

Apesar das dores, chateações e frustrações que um divórcio carrega, é de extrema importância que os pais consigam entender que essa separação é entre eles, que os filhos não devem escolher um lado e muito menos serem usados como leva e trás de mensagens agressivas entre os pais, pois, por mais que a intenção seja agredir o(a) ex companheiro(a), indiretamente o mais atingido é o filho.

Não há motivo para se envergonhar em procurar ajuda psicológica, não é sinal de fraqueza, principalmente quando não se sabe bem como ajudar os filhos a lidar com a situação que já é geralmente tão confusa e cheia de sentimentos conflituosos para os adultos, então imagine para uma criança fruto daquele relacionamento. Os pais que se sentirem prejudicados pela alienação parental, também podem procurar ajuda para encontrar seus recursos internos para lidar com essa situação que também gera tanto sofrimento para esses que se sentem excluídos daqueles que são, geralmente, as pessoas mais importantes de suas vidas, seus filhos.

Depressão Infantil

Antes de tudo, quero deixar claro que resolvi escrever sobre esse assunto para que os pais, responsáveis e todos aqueles que cercam as crianças fiquem atentos quanto ao comportamento que elas apresentam. Portanto, as informações aqui apresentadas não são suficientes para realizar um diagnóstico e caso tenham dúvidas se está tudo bem com os pequenos, procurem um profissional da saúde, um psicólogo ou psiquiatra.

O tema “depressão” está sendo bastante debatido atualmente, principalmente devido à série “13 reasons why” e também por conta daquele jogo “baleia azul”. A depressão que vou discutir aqui hoje é em crianças e não adolescentes ou adultos.

Quando a gente pensa em criança, nos vêm à mente brincadeiras, risadas, criatividade, ou seja, somente coisas gostosas e leves. Mas vocês sabiam que elas também podem sofrer de depressão? É muito difícil pensar que crianças também sofrem dessa forma, porque vai contra toda essa ideia que temos a respeito da infância.

Geralmente a criança é encaminhada para o atendimento psicológico somente quando ela aborrece ou não consegue corresponder às expectativas que os adultos impõem sobre elas. A depressão é uma doença grave em qualquer idade, porém a criança precisa que os adultos que cuidam dela estejam atentos, pois ela não sabe buscar ajuda sozinha e muitas vezes as formas que ela encontra para pedir ajuda não são compreendidas.

Crianças que não brincam, que são muito agressivas, birrentas, com dificuldades na escola, insônia, excessivamente agitadas, que trazem pensamentos sobre a morte… Percebem como os sintomas podem caracterizar várias outras dificuldades além da depressão? Por isso disse ali no começo que esse texto não faz de ninguém um entendedor em depressão infantil, mas pode sim ajudar você a olhar com mais carinho para seu pequeno nessas situações.

Quantas vezes não ouvimos que o filho de “fulana e fulano” está muito birrento e precisa de umas palmadas. É natural os pais se cansarem, ficarem irritados com as birras e se desesperarem não sabendo como lidar com esses comportamentos, mas é importante tentar descobrir o motivo dessas birras, se não for possível descobrir apenas falando com os filhos, procure ajuda de um profissional. Já repararam como ficamos nervosos quando não encontramos palavras para dizer algo importante? Não ficamos bravos e frustrados quando não conseguimos nos expressar? Agora, imagine uma criança que não tem vocabulário suficiente para dizer o que sente. Conseguem imaginar o desespero desse pequeno?

Claro que a educação e a falta de limite podem trazer esses sintomas à tona, por isso é preciso muita atenção, pois o que está em jogo é a vida emocional de um ser que depende muito dos adultos.

O tratamento dessa doença é importantíssimo, pois, com o tempo, pode interferir no desenvolvimento da criança. Procure se informar sobre o que seu filho ou filha sente, tente manter uma relação próxima para que você possa ajuda-lo e também o ajude a nomear seus sentimentos, quando somos tão pequenos, não sabemos o que é angústia, solidão, impaciência e tantos outros sentimentos, aprendemos com a colaboração dos nossos responsáveis.

10 dúvidas mais frequentes sobre o psicólogo.

Apesar de quase todo mundo já ter ouvido falar sobre a profissão do psicólogo, a maior parte das pessoas ainda tem muitas dúvidas sobre o trabalho desse profissional. Foi com o intuito de esclarecer um pouco dessas questões que eu escolhi 10 dúvidas mais frequentes sobre o psicólogo. Vamos lá?

  1. O psicólogo dá conselhos?

Não! Quem dá conselhos são nossos amigos e familiares, o psicólogo não. A função dele é ajudar aquela pessoa que o procurou a encontrar dentro dela mesma as respostas para suas questões baseando-se na experiência de vida daquela pessoa e nos recursos que ela possui para enfrentar determinada situação. O psicólogo é um profissional capacitado que utiliza uma técnica para acompanhar seu paciente. Nossos amigos, familiares dizem o que devemos fazer porque eles se preocupam com a gente de forma diferente, há sentimentos envolvidos, porém essas respostas práticas nem sempre funcionam com a gente ou se funcionam é temporário e não em longo prazo.

  1. O psicólogo pode atender parente e amigos?

Não! O vínculo do psicólogo com o paciente não pode ser maior do que aquele estabelecido dentro do consultório. Isso porque não devemos misturar nossos sentimentos com nossos pacientes. Assim como disse no item 1, um parente se consultando com um psicólogo poderia facilmente cair em uma conversa comum justamente por conta do envolvimento emocional, isso tira o profissional de sua função e pode-se inclusive prejudicar a pessoa que busca ajuda.

  1. O psicólogo pode sair comigo e me adicionar/aceitar nas redes sociais?

Não! Essa é uma dúvida complementar aos itens anteriores. A relação com o psicólogo é bastante diferente de todas as outras relações que temos em nossa vida. Durante o trabalho com o psicólogo nós dizemos nossos sentimentos mais íntimos, falamos daqueles que não gostamos de sentir, como raiva, ódio, inveja, falamos sobre coisas que fizemos e gostaríamos de fazer que não temos coragem de contar para mais ninguém, entramos em contato com partes nossas difíceis de encarar. Essa é uma relação diferente e deve ser protegida, restringindo-se ao consultório em que o psicólogo atende, uma relação profissional.

  1. O psicólogo faz julgamentos?

Não! Pelo menos deve ser assim! O psicólogo não pode levar julgamentos e pré-conceitos pessoais para o atendimento de um paciente. Ele está ali para atender com sua técnica e ética aquela pessoa que buscam ajuda. Então, não importa a situação que a pessoa traz, o psicólogo pode ajudá-lo a pensar em tudo que as suas atitudes trazem para sua vida, mas não dizer que o que você faz é errado ou certo, no sentido moral.

  1. O psicólogo sabe tudo o que o outro pensa?

Não! Não somos adivinhas, telepatas ou mágicos. Costumo dizer que o trabalho que faço é em conjunto com o paciente, ou seja, é um trabalho em dupla, que só funciona se o paciente e o psicólogo estiverem envolvidos. Para isso, é preciso que o paciente conte aquilo que sente. Muitas vezes o psicólogo consegue nomear seus sentimentos, mas isso é através de sua capacidade profissional e não porque ele leu sua mente, ele apenas está ajudando a organizar seus sentimentos, mas se você não contar algo para ele, ele não tem como saber.

  1. Psicólogo pode utilizar religião em seu trabalho?

Não, ele não pode. A religião é algo que pode nos ajudar a nos sentirmos bem, mas não espere do psicólogo que ele use de assuntos religiosos em seus atendimentos, porque isso não vai acontecer e se acontecer, ele está sendo antiético. Nós somos capacitados para trabalhar em cima de nossas técnicas e teorias, mas não baseados na religião, os dois não devem se misturar.

  1. O psicólogo trabalha só por amor?

Psicologia é uma profissão e não um estado de espírito. O fato de o psicólogo ser um profissional que olha para nossas emoções e sentimentos, não quer dizer que ele deva sair por aí ajudando todo mundo, atendendo de graça todos aqueles que precisam. Essa é uma profissão que, como todas, exige muito investimento e preparo. Existem muitas instituições em que psicólogos atendem por um valor mais acessível e até de graça, aliás, muitos têm uma cota de voluntariado e valor flexibilizado em seus consultórios, mas o psicólogo também precisa pagar suas contas como qualquer outra pessoa, então não, ele não trabalha só por amor.

  1. Porque alguns psicólogos cobram falta do paciente?

Quando você paga um psicólogo, você está pagando pelo seu horário. Assim como quando moramos em uma casa alugada, nós pagamos o aluguel dela sempre, não importa se saímos de férias e fomos viajar, aquela casa continua ali esperando a nossa volta. O compromisso de um horário daquele profissional é seu, então, se você não vai, você se responsabiliza por esse horário, dependendo do motivo e do profissional, você pode ver a possibilidade de reagendar esse horário perdido. Se o psicólogo falta, geralmente, ele não cobra, pois o compromisso com o atendimento é dele, então cada um paga pela sua falta, nesse caso.

  1. O psicólogo pode receitar remédio?

Não! Somente médicos podem e o psicólogo não é médico. Caso ele perceba que o trabalho dele não será suficiente, ele pode fazer um encaminhamento para um psiquiatra para ter um acompanhamento paralelo a esse profissional. Porém, é importante alertar que o remédio sozinho não trata a causa, apenas ameniza os sintomas.

  1. Psicólogo é coisa de louco?

Não! Psicólogo é para todo mundo que tem interesse em se conhecer melhor e profundamente. A ida ao psicólogo é um encontro com você mesmo, com partes suas até então desconhecidas. Quem vai ao psicólogo é quem precisa de ajuda para passar por um momento difícil, para conhecer seus recursos e saber como lidar com as suas dificuldades.

 

Ajudou? Se tiver mais dúvidas, escreva um comentário para que eu possa tentar ajudá-lo será um prazer!

 

Sim? Não!

Frequentemente ouvimos que precisamos nos abrir mais, aceitar desafios, dizer mais ”sim”.  Realmente, dependendo do caso, isso pode ser uma oportunidade reveladora de nossos potenciais e trazer maravilhas para nossa vida, mas hoje, queria falar com vocês do oposto do sim, o não!

Vocês já se sentiram sobrecarregados? Com tantas atividades e compromissos que não tiveram tempo para tomar um banho relaxante, almoçar com calma, andar sem pressa, poder reparar no que está ao seu redor, conversar com o marido/esposa/amigo sobre um assunto que interessa? Ou então, você já emprestou dinheiro, carro ou qualquer outra coisa importante só porque te pediram te convencendo que devolveriam conforme combinado e no fim não foi o que aconteceu?

Acho que muitos dos que estão lendo esse texto se identificam pelo menos um pouco com essas situações, certo? E por que será que chegamos nesse ponto? Podem ter vários motivos, mas acredito que dizer sim o tempo todo para o que nos pedem pode ser um dos principais deles.

Sempre terá alguém para nos pedir um favor ou nos cobrar de tarefas que precisam ser realizadas. Mas será que você precisa aceitar toda essa demanda?

Talvez o mais sensato a se fazer é poder, antes de responder se pode ou se não pode cumprir tal tarefa solicitada, pensar se você tem condições de cumpri-la, se ela cabe na sua agenda e também se você tem interesse em aceitar. O que percebo com frequência, é que muitos estão constantemente preocupados em serem julgados ao dizer não. Acreditam que aquele que pediu sua ajuda não terá condições de compreender se você não puder ajudá-lo, então pensam que dizer “não” vai lhe custar, por exemplo, uma amizade, será? Será que seu amigo, ou quem quer que tenha pedido tal coisa para você, está em uma relação em que só pode se dizer sim? Se sim, repense essa relação.

Muitas vezes a pessoa se dá conta de que não será fácil, que talvez possa ser praticamente impossível e que terá que sacrificar algumas coisas importantes para realizar tal pedido, mas ainda assim aceita. Acho que aqui temos uma situação perigosa. Ninguém consegue fazer tudo o que quer, o que pedem e mais todas as tarefas cotidianas, isso é impossível.  Vamos, então, deixar os super-heróis para histórias em quadrinhos?

Não tenho o interesse em dizer em meus textos para ninguém o que as pessoas devem ou não fazer, meu intuito é tentar ajudá-los a pensar um pouco em como funcionamos. Muitas vezes nos sentimos sozinhos achando que tal questão é somente nossa, quando na verdade muitos se identificam com essa forma de funcionar. Dizer sim demais, é um deles, parece tão inofensivo, mas pode ter grandes efeitos, pois quando chegamos ao nosso limite, nós “explodimos”, brigamos, ficamos bravos e agressivos ou choramos e desejamos parar tudo de uma vez. Isso quer dizer que não conseguimos conter tantas coisas, tantas tarefas, tantos sentimentos. Ao invés de chegar a esse ponto, que tal tentar antes medir e dar limites para tantas solicitações?

Preenchendo-se

Vocês já pararam para pensar em como a mídia, nossos amigos, familiares e todos aqueles que nos cercam tem sempre uma receita de como levar a vida, de como ter o corpo desejado, quando está na hora de casar, de ter filhos e tantas outras que poderíamos ficar horas pensando? E já perceberam que muitas pessoas vivem em busca de uma receita perfeita de vida?

Hoje em dia vivemos numa sociedade em que muitos de nós estamos sempre buscando preencher espaços vazios com sabe-se lá o que. Fazer compras desnecessárias com frequência, buscar o remédio ideal para curar aquela dor de cabeça, outro que nos faça dormir pesadamente depois de um dia cansativo, a cervejinha de todo dia, o cigarro tão relaxante dos intervalos no trabalho, as redes sociais para dar um pouco de risada, enfim, são inúmeros os vazios e formas disponíveis para “preenchê-los”.

Ainda assim, com toda essa disponibilidade ao nosso alcance, muitos encontram-se perdidos, buscando a maneira ideal para viver, o corpo perfeito da revista e preencher todos os requisitos que a sociedade cobra. Sem saber o que realmente buscam.

Quantas pessoas já não vimos que parecem ter de tudo, mas vivem insatisfeitas em busca de algo que falta? Talvez tudo isso que essas pessoas estejam indo atrás seja falso para elas, o que faz com que a busca por essa ”vida ideal” nunca termine seja por não saberem o que cada um quer ou por faltar conhecimento a seu próprio respeito.

Acredito que a pergunta: “Quem sou eu?” seja uma pergunta nada fácil de responder. Do que eu gosto, do que eu não gosto, do que eu tenho medo, o que me faz feliz, o que me deixa triste, o que eu quero pra mim e para a minha vida? E são tantas questões que podemos encaixar como tópicos desse simples: “Quem sou eu?”.

Mas, e como lidar, então, com esse espaço vazio e misterioso dentro de mim? É exatamente aí que a psicoterapia entra! Psicoterapia (psicanalítica) é um processo em que há o encontro de uma pessoa com um psicólogo para pensar nessas questões tão importantes e singulares. Com base na sua história de vida, ali, com aquele profissional, você irá aprender a se expressar e ser quem você realmente é e não quem esperam que você seja.  Fazer psicoterapia é um processo de descobrir-se e PREENCHER-SE da forma mais profunda que se possa imaginar.