Como ajudar a criança a lidar com a morte

Frequentemente vejo pais e familiares preocupados em como contar a seus filhos sobre a morte de alguém da família, de algum amigo ou até mesmo de um animalzinho de estimação.

Não é raro vermos pais ansiosos correndo atrás de um novo cachorrinho para seus filhos quando um antigo animalzinho da família morre. Geralmente os pais dizem que os filhos estão sofrendo muito e precisam tomar alguma atitude e muitas vezes tentam trocar um animalzinho por outro o mais parecido possível para fingir que nada aconteceu. Claro que se pode comprar ou adotar um novo bichinho e isso provavelmente trará mais alegria para a família e para os pequenos. Mas quando não se abre espaço para o sofrimento que deve ser sentido no momento, sem deixar que os filhos passem por esse processo de luto, pode ser uma forma de mostrar que a morte é “facilmente concertada”, fora a ideia de que os que se vão são facilmente substituídos e essa atitude inclusive dificulta o processo da criança de aprender a lidar com seus sentimentos mais angustiantes.

O mais adequado é conversar com os filhos, mostrar e ajudar a criança a pensar em tudo de bom que ficou daquele animalzinho e, claro, deve ser feito também no caso de mortes de pessoas da família, amigos e conhecidos da criança.

É muito importante que seja dito a verdade às crianças mesmo quando o tema é a morte. As crianças percebem quando há mentiras no ar, elas percebem as pessoas tristes e que as coisas estão diferentes. Fingir que a morte não existe não é uma solução, afinal, a morte é provavelmente a única situação que todos nós encaramos em nossas vidas, por mais difícil que seja não há como fugir dessa realidade e se ela puder ser vivida com amor e acolhimento dos pais, seus filhos crescerão emocionalmente muito mais fortes.

Abaixo segue partes que destaquei de um texto muito interessante sobre este tema. No final deixo disponível a fonte com a matéria toda.

Vendo a filha chorar por dias seguidos depois de contar a ela que a bebê de uma amiga havia falecido, a fisioterapeuta Daniela Vergílio ficou na dúvida se havia tomado a melhor decisão ao dizer a verdade à filha de seis anos.  Talvez tivesse sido melhor dizer que a neném havia melhorado, pensou. A curiosidade da criança surgiu após ver no celular da mãe uma foto da bebê na UTI e despejar um monte de perguntas, até a última: “e agora ela já tá melhor, mamãe?

psicólogo Alexandre Coimbra Amaral, terapeuta familiar que organiza grupos mensais voltados à perda neonatal e gestacional em São Paulo, reforça que não devemos impedir a criança de passar por esse momento. É claro, ele ressalta, que com uma criança de dois anos, por exemplo, é preciso falar de uma forma mais gentil, podendo usar brinquedos e outras formas de comunicação, mas nunca privar a criança de passar por isso: “essa dor e essa vivência também são dela; da forma dela, mas são dela. Ela precisa ter o direito de viver isso”.

Isabela destaca a importância de educarmos as crianças para as perdas, e incluir a morte no ciclo da vida. Não só em casa, mas também nas escolas. “É importante ensinarmos as crianças a lidar com a morte e introduzir as perdas e temas relacionados em escolas de primeira infância”, diz. Esse ensinamento pode ser feito por diversas formas, sem sermos agressivos ou tristes: o ciclo de vida das plantas, a convivência com animais de estimação, os desenhos infantis e os livros, são alguns exemplos.

Por fim, os especialistas aconselham que os adultos não escondam das crianças se estiverem eles próprios tristes ou chorosos. Mas deixem claro que aquela tristeza é por algo que aconteceu na vida dos adultos e que não tem relação com as crianças. Do contrário, sem elementos para interpretar, a criança pode fantasiar e achar que é com ela, que ela fez algo, e ficar angustiada tentando descobrir o que pode fazer para o adulto não ficar mais triste. Mesmo que a criança não tinha contato com quem morreu, se afetou a família ela vai notar e vai tentar interpretar. “Falar ajuda a criança a ficar mais aliviada e a administrar aquele sentimento, além de endereçar a dor para o que realmente é, e não deixá-la criar outras coisas na cabeça para administrar, como ‘fui eu’ ou ‘aconteceu porque eu desejei’, finaliza Isabela.


Dicas para abordar a morte com crianças:

– convivência com animais de estimação

– cultivo de plantinhas

– desenhos animados, como Operação Big Hero e O Rei Leão

– livros que de alguma forma tratem do assunto, como O coração e a garrafa

Fonte: http://vamosfalarsobreoluto.com.br/2017/10/09/como-contar-para-uma-crianca-que-alguem-morreu/#.WduPV6bzIOY.facebook

Deixe um comentário