A (falsa) arte de adivinhar

Percebo que um dos maiores motivos nas falhas de comunicação estão nas adivinhações. Para ilustrar melhor, vou dar um exemplo. José pensa em chamar a Silvia para sair, mas não chama porque “sabe” que ela não aceitará o convite. Ou Maria que não fala com Patrícia porque “tem certeza” que Patrícia não gosta dela. Será mesmo que essas pessoas sabem o que pensam saber?

Só podemos saber se alguém irá recusar um convite se fizermos esse convite, assim como só sabemos se a pessoa não gosta de nós se essa pessoa nos disser ou se fizermos algo sabendo que poderia desagradar, mas ainda assim, essa pessoa pode não ter ficado tão magoada quanto teríamos ficado diante de tal situação. Parece óbvio, mas é muito natural e automático esse movimento de adivinhação do que o outro pensa.

O que eu estou dizendo é que se nos colocarmos no lugar do ‘não saber’ nós poderemos abrir caminhos para uma comunicação mais transparente e saudável. Quando “achamos” demais a respeito do que o outro pensa corremos o risco de estarmos nos relacionando mais com características e fantasias nossas do que com quem o outro é de fato. Seria então, uma relação contaminada.

Se você puder se questionar e questionar o outro, você, de repente, pode ter ótimas surpresas. Deixe o outro te falar sobre ele, se a sua adivinhação estiver certa, pode ser uma coincidência. Mas se puder adivinhar menos, você provavelmente irá perceber menos mal-entendidos nas suas relações e, consequentemente, menos chateações.

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