Entre o Miojo e a Ceia de Natal


Em muitas famílias, no natal, as pessoas que cozinham (geralmente mulheres), ficam o dia inteiro preparando pratos que levam horas para assar. Para alguns desses pratos, é necessário começar os preparativos dias antes para poder comer naquela noite. Ou seja, demora bastante! Eu lembro de quando eu era criança de querer comer aquilo, mas tinha que esperar, não estava pronto e parecia que não ficava pronto nunca! Bem que podia ser preparado rapidinho, no tempo de um miojo, né?

Fiquei pensando que tantas vezes é exatamente isso que fazemos quando queremos ter mais experiência ou sabedoria em algo, como de uma pessoa 15, 20 anos mais velha. Ou quando pedimos mais maturidade de uma criança, como se ela devesse ter 10 anos a mais emocionalmente?

Caberá aqui a cada um pensar no seu exemplo, acredito que muitos podem se perceber exatamente assim, querendo que a vida entregue uma ceia de natal, um prato demorado e complexo (e melhor em vários sentidos, inclusive nutricionais) no tempo de um miojo (que ainda mente dizendo que fica pronto em 3 minutos e não fica).

Esperar não é tarefa fácil. Talvez, para alguns, seja uma das tarefas mais difíceis de aprender na vida. As coisas não acontecem no tempo que gostaríamos e, muitas vezes, se acontecesse, dariam bem errado.

E para dar conta disso, a “receita” não é das mais agradáveis, é preciso tolerar mesmo. Tolerar a espera, como uma bexiga que tolera o ar dentro dela, se infla e, quando solta o ar, já está menos rígida, esticou e mudou seu formato. Assim como a plasticidade da bexiga, nossa mente também tem plasticidade, nos adaptamos e assim, aprendemos a dar mais conta dos desafios da vida. Dessa forma, podemos até escolher comer o miojo, mas também saber encontrar formas menos angustiantes enquanto esperamos pelas ceias da vida.

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